9 de julho de 2010

O Poder Econômico

          Uma triste realidade assola o povo brasileiro em relação à Justiça. Cultivou-se em nossa sociedade a cultura de que existem dois parâmetros de aplicação da lei penal. Um para os pobres, aos quais a lei é aplicada rigorosamente; outro para os ricos, aos quais a lei não se aplica em razão do poder econômico. Isto não é o que diz a Constituição Brasileira, para a qual "todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza..." (art.5º, CF), tampouco encontra-se no Código Penal. Esse absurdo está presente na mente da elite brasileira, que se julga acima do bem e do mal.

          Um favelado que rouba, assalta e trafica, segundo valores das classes mais abastadas, deve ter sua ação duramente combatida pela lei. O que não deixa ser válido, afinal um marginal, ao praticar crimes, está violando regras de conduta socialmente aceitas, que são expressadas através das leis. Mas o absurdo está no pensamento de que esta mesma lei deve ser mais amena, quando se trata de crimes cometidos por adolescentes de classe média alta, que cometem crimes cientes da impunidade. Chega desse pensamento de que rico não vai para a cadeia. A Constituição Federal é a lei maior que rege uma nação e nela encontra-se escrito no seu artigo primeiro, parágrafo único, que " todo poder emana do povo...", isso mesmo. Se alguém está achando que é uma piada deve estar ciente que, através do poder que lhe pertence, está delegando poderes a determinados setores.

          Caso o povo, detentor do poder de fato e de direito, acredita que rico não vai para a cadeia, certamente não irá. Isso porque quem está afirmando esse absurdo é o próprio mandatário do poder. E quem o irá contestar, se a voz do povo é a voz de Deus. Porém, se a população brasileira, inconformada com as injustiças, usar da competência que lhe foi conferida pela Carta Magna, e disser: CHEGA, com todas as letras e em alto e bom tom; essa realidade irá mudar. Agindo assim, faremos valer os direitos que nos foram conferidos pelo legislador constituinte. Não é uma utopia, juntos somos fortes.

          Analisando o aspecto do poder econômico, devemos atentar para outra questão fundamental. Jovens de classe média alta costumam cometer crimes porque têm certeza que não serão atingidos pela ação do Poder Judiciário. Essa crença é baseada não só na influência que o patrimônio de suas famílias pode exercer nas decisões, mas também na meneira como alguns (não todos) são criados. Alguns deles crescem acreditando que podem fazer o que quiserem que nada irá lhes acontecer, se der algo errado não tem problema, o "papai" varre a sujeira para debaixo do tapete .

          Muito bem. Essas famílias acham que por terem poder econômico podem tripudiar da sociedade brasileira a saírem impunes. Vamos mostrar-lhes que não aceitamos mais isso. Estamos fartos de impunidade seja do filhinho de papai, seja de quem for. A mão que dá é a mão que tira. Uma emissora de televisão não é nada se não tiver espectadores. Pensemos nisso. Nós temos o poder de decidirmos que tipo de jornalismo queremos ter. Diga-se de passagem, o colunista Paulo Santana, da RBS, nos fez essa pergunta, em uma de suas postagens para proteger o filho do chefe (http://wp.clicrbs.com.br/paulosantana/2010/07/07/esclarecendo-a-confusao). Em seu blog, o jornalista utiliza-se de expressões como: "confusão", e  "orgia de adolescentes", para descrever o ocorrido. Nos pede que sejamos imparciais. Mas ao utilizar-se da segunda expressão tenta nos induzir a acreditar que a menina foi ao apartamento e participou de uma "orgia de adolescentes" por livre e espontânea vontade.

          Não é de se espantar o que diz o digníssimo comentarista da RBS. É muito comum a defesa lançar dúvidas quanto ao comportamento da vítima nesse tipo de caso. Por isso que muitas mulheres vítmas de estupro ficam caladas, porque muitas pessoas costumam transformar a agredida em ré. Só faltou dizerem que a família da vítima quer estorquir dinheiro da família Sirotsky, me desculpem os advogados dos rapazes se me adiantei e antecipei a tese da defesa.

          Diante dos acontecimentos, sugiro que procuremos informação em outros meios de comunicação menos parciais. Se os adolescentes não forem punidos, pelo menos o sistema que gerou esse tipo de comportamento deve ser. Boicote à RBS, mostremos que eles não são tão poderosos assim. Sem nossa audiência eles não são nada.
         

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